Pesquisadores se reúnem para discutir conservação de espécies ameaçadas de extinção na maior área contínua de Mata Atlântica de MG

O evento realizado no Parque Estadual do Rio Doce (PERD) também contou com a apresentação sobre o avanço das pesquisas na região e sobre a revisão do plano de manejo do parque

O Instituto de Conservação de Animais Silvestres (ICAS), juntamente com os representantes de outras instituições de pesquisas que atuam no Parque Estadual do Rio Doce (PERD), importante Unidade de Conservação (UC) de Minas Gerais (MG) e que abrange os municípios de Timóteo, Marliéria e Dionísio, promoveram entre os dias 07 e 08 de outubro, o “II Seminário de Pesquisas Integradas do PERD”, que neste ano teve como tema a captação de recursos para pesquisas de conservação.

O biólogo e coordenador do Projeto Tatu-canastra na Mata Atlântica, Lucas Barreto, explica que nesta segunda edição, o evento que surgiu a partir da necessidade de promover a integração do conhecimento adquirido por cada projeto de conservação que é executado no na área do parque, buscou ampliar as ações integradas com a apresentação de protocolos científicos desenvolvidos por pesquisadores e de como estes estudos poderiam beneficiar outras iniciativas e discutir maneiras de conseguir captar recursos para subsidiar os projetos.

“O evento proporcionou que os participantes pudessem identificar lacunas durante este primeiro ano de integração entre as diferentes ações e aproveitamos para repensar estratégias e discutir maneiras diferentes para atingir o objetivo de estabelecer um espaço permanente para o diálogo e fomentar a troca de experiências entre as diferentes iniciativas e a gestão do parque”, explicou Lucas.

Equipe do projeto Tatu-canastra durante o II Seminário de Pesquisas Integradas

Além de novos projetos, neste ano, o seminário contou com a participação do Instituto Ekos Brasil, OSCIP – Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, que fará a gestão dos recursos decorrentes da medida de compensação ambiental após o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), e que prevê investimentos em infraestrutura, proteção e preservação dos recursos naturais e da biodiversidade na maior área contínua de Mata Atlântica do estado.

De acordo com o gerente do PERD, Vinicius de Assis Moreira, a segunda edição veio para consolidar a união entre as instituições, órgãos públicos e sociedade civil para fortalecer as diversas pesquisas e a conservação deste que é considerado um dos últimos refúgios de Mata Atlântica e que é abrigo de espécies raras e endêmicas.

“Estamos muito felizes com esse momento oportuno, onde a integração sistêmica dos protocolos de pesquisa existentes está lateralizada com a chegada do Instituto Ekos, para que juntos, possamos responder alguns questionamentos que vão contribuir direta e indiretamente para a melhoria da gestão do PERD. E para os próximos anos, eu tenho certeza de que vamos conseguir atingir resultados promissores e estaremos muito mais fortes e unidos em prol dessa joia que é essa Unidade de Conservação”, ressaltou o gestor.

Após a apresentação dos protocolos científicos desenvolvidos por pesquisadores e dos avanços dos estudos que estão sendo realizados pelos grupos que já fazer parte do Unidos pelo PERD, como o Projeto Tatu-canastra, Projeto Bicudos, Projeto Carnívoros do Rio Doce, Projeto Harpia e Primatas Perdidos, também foi realizada a apresentação de novas iniciativas, como o Aves do PERD,  Dinâmicas sócio ecológicas no entorno do PERD: cenários e governança para futuros sociobiodiversos e limnologia no PERD.

Para Lorena Torres Oporto, do Laboratório de Limnologia, Ecotoxicologia e Ecologia Aquática – LIMNEA / da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), esse seminário é extremamente importante, já que a possibilidade de interagir com outros projetos que são executados no parque era uma demanda antiga e necessária.

“É muito bom poder ver e agora fazer parte dessa integração com outros pesquisadores, pois é a oportunidade que temos de unir os esforços e pensar em maneiras de fortalecer nossas ações não só aqui, mas também no entorno do PERD. Por isso, ver tanta gente junta e reunida em prol da conservação é algo tão especial para mim, que já atuo há muitos estudando os lagos dessa região”, disse Lorena.

Captação de recursos

Além da apresentação dos resultados individuais e coletivos e de avaliarem as ações que foram propostas em 2021 com o intuito de repensar algumas estratégias que possam fortalecer o grupo e auxiliar a gestão do PERD, o evento contou com a participação da plataforma Semente, que auxilia no desenvolvimento de projetos socioambientais para a captação de recursos, via destinação das medidas compensatórias ambientais aplicadas em termos de ajustamento de conduta (TAC) do Ministério Público do Estado de Minas Gerais (MPMG) e do Rotary Club de Ipatinga, que agora possui recursos que são destinados para ações de meio ambiente e que possui interesse em apoiar iniciativas que ocorrem na região do parque.

Para a pesquisadora Vanessa Guimarães, do projeto Primatas PERDidos, um dos grandes desafios para as pesquisas de conservação é justamente o financiamento das ações e que por isso a troca de informação e o conhecimento sobre os diferentes meios de captação de recurso foi o tema desta edição do evento.

“Muitas vezes existem recursos disponíveis, mas os projetos ou instituições não estão capacitadas ou não sabem como prosseguir para ter acesso aos financiamentos. Por isso, nesta edição nós optamos por convidar a plataforma Semente e o Rotary Club para que eles pudessem explicar os processos, auxiliar e capacitar todos os pesquisadores para que possam se organizar e conseguir financiamento para dar sequência em suas respectivas pesquisas”, explicou Vanessa.

Unidos pelo PERD

O Seminário de Pesquisas Integradas é uma inciativa do Unidos pelo PERD, que é formado pelo Projeto Tatu-canastra, executado pelo ICAS desde 2020 na Mata Atlântica, do Projeto Carnívoros do PERD, da Universidade Federal de São João Del-Rei (UFSJ); Projeto Harpia, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e Universidade Federal do Espirito Santo (UFES); Projeto Bicudos do Instituto de Pesquisa e Conservação Waita e do Projeto Primatas, realizado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Universidade Federal de Viçosa (UFV) e conta com o apoio do Rotary Club de Ipatinga e Termo de Parceria 51/2021 – Instituto Estadual de Florestas (IEF) e Instituto Ekos Brasil.

A terceira edição do evento está prevista para acontecer em meados de outubro de 2023 com tema a ser definido pela equipe.

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