1º Encontro de Pesquisa e Conservação do Parque Natural Municipal do Pombo demonstra a riqueza da biodiversidade da unidade de conservação
No último dia 27 de fevereiro, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Agronegócio de Três Lagoas (SEMEA) e o Instituto de Conservação de Animais Silvestres (ICAS) organizaram o Primeiro Encontro de Pesquisa e Conservação do Parque Natural Municipal do Pombo.
O evento ocorreu no Plenarinho da Câmara Municipal de Vereadores, reunindo pesquisadores, especialistas e representantes da sociedade civil com o objetivo de compartilhar os resultados das pesquisas realizadas no Parque e discutir ações para preservar a área.
Arnaud Desbiez, presidente e fundador do ICAS, entidade responsável pelo Projeto Tatu-canastra, dentro da Unidade de Conservação (UC), ressaltou a importância do encontro, que contou com a participação de representantes de diversos setores, e apresentações sobre pesquisas científicas realizadas no PNM Pombo até o momento
“Nosso objetivo é que essas informações gerem novas ideias e fortaleçam a união em prol do parque, envolvendo cada vez mais as comunidades locais, incluindo crianças, adultos e jovens dos municípios de Três Lagoas e Água Clara, para que todos possam colaborar na conservação da biodiversidade do Cerrado,” disse o pesquisador.
Durante o encontro, José Mauro De Grandi, Secretário do Meio Ambiente e Agronegócio de Três Lagoas, destacou a importância da parceria entre órgãos públicos, Organizações Não Governamentais (ONGs) e instituições de ensino e pesquisa para promover a ciência e a conservação de espécies ameaçadas.
“Com o apoio do ICAS, esta iniciativa do encontro vai auxiliar na divulgação dessa importante área de Cerrado que temos aqui em Três Lagoas. Esperamos que isso atraia mais pesquisadores do Mato Grosso do Sul (MS) e de outros estados, interessados em contribuir com pesquisas envolvendo a diversidade do Parque Natural Municipal do Pombo,” ressaltou o secretário.
Um dos destaques do evento foi a apresentação, feita pela Dra. Nina Attias, Coordenadora Científica do ICAS, do diagnóstico socioambiental preliminar do entorno, realizado em outubro de 2022. Foram conduzidas 30 entrevistas semiestruturadas em fazendas e estabelecimentos comerciais na área, para compreender a percepção das pessoas em relação ao parque.
“Durante as entrevistas, exploramos os perfis dos participantes, suas visões sobre a biodiversidade local e as atividades regionais. Também analisamos as propriedades, incluindo o número de funcionários, a presença de cachorros e nascentes, além de identificar redes e atores comunitários, tanto formais (como cooperativas) quanto informais (como igrejas),” reiterou Nina.
Além disso, o diagnóstico preliminar também abordou as percepções e possíveis conflitos relacionados à presença do tatu-canastra e ao Parque Natural Municipal do Pombo. Essas informações são cruciais para desenvolver estratégias de envolvimento da comunidade na conservação da biodiversidade local.
O PARQUE NATURAL MUNICIPAL DO POMBO
Localizado a 130 km da região urbana de Três Lagoas, o Parque Natural Municipal do Pombo é um dos maiores remanescentes nativos do Cerrado do MS. Com cerca de 8 mil hectares, este santuário ecológico tem como objetivo principal a conservação da fauna e flora em meio à expansão agrícola e ao desmatamento de vegetação nativa.
Em sua participação no evento, Flávio Henrique Fardin, Fiscal Ambiental da Secretaria do Meio Ambiente e chafe do parque, ressaltou que as pesquisas evidenciam a significância ambiental dessa Unidade de Conservação, destacando a presença de uma variedade de animais raros e até mesmo ameaçados de extinção na área
“Para garantir a preservação, é essencial compreender o ecossistema em que estamos inseridos. Com o respaldo das pesquisas realizadas nesta região de extrema importância, conseguimos adquirir um entendimento mais abrangente da biodiversidade presente. Aqui, encontramos não apenas 127 espécies de aves, mas também uma variada gama de anfíbios, répteis e mamíferos,” enfatizou Flávio.
Com cerca de 700.000 horas de monitoramento contínuo da fauna, em 2023, o Projeto Tatu-canastra já identificou espécies ameaçadas de extinção, como o tatu-canastra, antas e o lobo-guará. Gabriel Massocato, biólogo e coordenador das coletas no cerrado, explica que o registro de espécies raras, como o teiú-de-quatro-linhas e o cachorro-vinagre, ressalta a importância deste que é um dos maiores remanescentes nativos do Cerrado de MS.
“Já identificamos 69 espécies diferentes, incluindo mamíferos, aves e répteis, durante nosso monitoramento no parque. Instalamos 85 armadilhas fotográficas em uma área que abrange mais de 8 mil hectares de natureza preservada. Ao longo dos anos, este trabalho não apenas aprofundará nossa compreensão da biologia do tatu-canastra neste bioma, mas também contribuirá para entender o papel ecológico dessa espécie e a importância de preservar os corredores ecológicos,” explicou Gabriel.
O Primeiro Encontro de Pesquisa e Conservação do Parque Natural Municipal do Pombo foi fundamental para promover a troca de conhecimentos e discutir formas de engajar a comunidade na conservação ambiental, representando um esforço conjunto para proteger o Cerrado.