O pesquisador do Programa de Conservação do Tatu-canastra, executado pelo Instituto de Conservação de Animais Silvestres (ICAS) e o Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ), Gabriel Massocato, está entre os três vencedores do prêmio internacional “Future for Nature Awards 2022”, que reconhece iniciativas inovadoras para proteção de animais e plantas silvestres de todo o mundo e que neste ano teve mais de 250 candidatos inscritos.
Apaixonado pela vida selvagem desde criança, Gabriel é formado em biologia pela Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), localizada na cidade de Dourados, distante cerca de 230 quilômetros da capital sul-mato-grossense, e desde 2012 – quando se voluntariou no Programa de Conservação do Tatu-canastra, tem se dedicado para a conservação da vida selvagem, assumindo o compromisso de salvar o maior dos tatus no Brasil. O tatu-canastra é considerado o engenheiro do ecossistema, já que desempenham um importante papel no meio ambiente, pois, suas tocas servem de abrigo para muitos outros animais, mas ele infelizmente está ameaçado de extinção pela perda de habitat e fragmentação da natureza.
“Essa espécie ainda é pouco conhecida pela nossa sociedade e se nada for feito a curto e médio prazo, ela pode desaparecer das principais áreas naturais do Brasil. Por isso, acredito que através das pesquisas, da conscientização e realizando um trabalho em conjunto com as comunidades locais, nós podemos unir esforços e buscar soluções inovadoras para a conservação e tornar o tatu-canastra um embaixador da biodiversidade”, disse Gabriel.
Com relação ao prêmio, o biólogo ressalta que além da premiação em dinheiro, a maior conquista deste reconhecimento é a oportunidade de celebrar a ciência e a importância mundial que foi concedida a um projeto brasileiro.
“Esta premiação vai possibilitar a ampliação dos nossos esforços para proteger o tatu-canastra, através da criação de Unidades de Conservação, cujo o objetivo é evitar a extinção iminente da espécie e organizar expedições de campo para estudar e monitorar esses animais e o seu habitat. Além disso, será necessário continuar estabelecendo parcerias com pesquisadores, proprietários rurais, empresas, comunidades locais e governos em prol da conservação deste e de outros animais que são impactados direta ou indiretamente pela presença do tatu-canastra”, explicou o biólogo.
A Fundação Future For Nature (FFN) oferece suporte aos jovens que estão empenhados em proteger espécies de fauna e flora silvestres
Atuação no Programa de Conservação do Tatu-canastra
Com mais de 10 anos de trabalho no projeto que teve início em 2010 e que hoje é realizado em diversos biomas da América do Sul, Gabriel ajudou a conduzir as pesquisas de longo prazo no Pantanal, onde foram identificadas as necessidades biológicas e ecológicas do tatu-canastra e também auxiliou no treinamento de mais de 80 voluntários conservacionistas.
De acordo com Arnaud Desbiez, presidente do ICAS e fundador do projeto, Gabriel participou da criação do Plano de Ação Nacional do tatu-canastra e também atuou na formação de uma brigada de incêndio comunitária, que está preparada para proteger uma área de 1.500 km2 do Pantanal da Nhecolândia.
“Ver alguém que iniciou como voluntário em nosso projeto e que hoje ocupa a posição de coordenador do projeto no Pantanal é uma imensa alegria. Além disso, o Gabriel se tornou um grande amigo e um profissional essencial na execução de muitas outras atividades do ICAS e é muito querido e respeitado por toda a nossa equipe e nós não poderíamos estar mais contentes e honrados com esse merecido reconhecimento” ressaltou Arnaud.
Sobre o ICAS
O ICAS – Instituto de Conservação de Animais Silvestres é uma organização sem fins lucrativos criada em 2010, com o objetivo de oferecer suporte para iniciativas dedicadas à conservação da biodiversidade, mais especificamente do tatu-canastra e do tamanduá-bandeira e que busca produzir conhecimentos baseados na ciência e na pesquisa, além de promover a coexistência entre o ser humano e a vida silvestre, através da elaboração de ações e de políticas públicas eficientes e sustentáveis em defesa da vida.
Com projetos desenvolvidos nos biomas Pantanal, Mata Atlântica e Cerrado, o ICAS possui uma equipe multidisciplinar que atua na tomada de decisão baseada no diálogo, considerando o envolvimento das partes interessadas (stakeholders) e a inclusão e participação das comunidades locais através da inovação, capacitação, educação e comunicação, além de desenvolver ações em parcerias com outros pesquisadores e instituições públicas e privadas.
Sobre o IPÊ
O IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas é uma organização brasileira sem fins lucrativos que trabalha pela conservação da biodiversidade do país, por meio de ciência, educação e negócios sustentáveis. Fundado em 1992, tem sede em Nazaré Paulista (São Paulo), onde também fica o seu centro de educação, a ESCAS – Escola Superior de Conservação Ambiental e Sustentabilidade.
Presente nos biomas Mata Atlântica, Amazônia, Pantanal e Cerrado, o Instituto realiza cerca de 30 projetos ao ano, aplicando o Modelo IPÊ de Conservação, que envolve pesquisa científica de espécies, educação ambiental, envolvimento e mobilização comunitária, conservação de habitats e da paisagem e apoio à construção de políticas públicas. Além de projetos locais, o Instituto também implementa trabalhos em diversas regiões, seguindo os temas Áreas Protegidas, Áreas Urbanas e Pesquisa & Desenvolvimento (Capital Natural e Biodiversidade).
O IPÊ é responsável pelo plantio de mais de 3 milhões de árvores na Mata Atlântica, contribui diretamente para a conservação de seis espécies de fauna, realiza educação ambiental e capacitação para 12 mil pessoas por ano, em média. Os projetos beneficiam 200 famílias com ações sustentáveis e conhecimento sobre conservação ambiental.
Para o desenvolvimento dos projetos socioambientais, a organização conta com parceiros de todos os setores e trabalha como articulador em frentes que promovem o engajamento e o fortalecimento mútuo entre organizações socioambientais, iniciativa privada e instituições governamentais.