O tatu-canastra é um animal que ocorre em grande parte da América Latina, mais especificamente na Colômbia, Venezuela, Guiana Francesa, Equador, Peru, Bolívia, Paraguai, Argentina e aqui no Brasil, sua presença é registrada no Cerrado, Pantanal, Mata Atlântica e na Amazônia, onde recentemente foi realizada a primeira certificação do Projeto Canastras e Colmeias no bioma.
A iniciativa executada pelo Instituto de Conservação de Animais Silvestres (ICAS), surgiu a partir da necessidade de promover a convivência pacífica entre apicultores e o tatu-canastra, pois, apesar de se alimentarem principalmente de cupins e formigas, durante uma pesquisa do Programa de Conservação do Tatu-canastra, no Cerrado de Mato Grosso do Sul (MS), foi identificado que o animal também estava se alimentando de larvas de abelhas e causando prejuízos em alguns apiários.
O presidente do ICAS, Arnaud Desbiez, explica que as medidas de mitigação que já eram utilizadas pelos apicultores para prevenir estes ataques, foram testadas, avaliadas e validadas pelos pesquisadores para identificar quais eram as mais eficazes e que não fossem prejudiciais aos animais.
“Nenhum dos métodos testados pelo projeto impede que o tatu-canastra fique sem alimento, pelo contrário, elas auxiliam para que a espécie não mude sua dieta e continue exercendo o seu importante papel no controle de cupins e formigas que são abundantes na natureza”, disse Arnaud.
Para incentivar as boas práticas dos apicultores, o projeto oferece cursos, capacitações e consultorias para que possam expandir suas produções. Além disso, foi criado o selo “Amigo do Tatu-canastra”, cujo objetivo é agregar valor ao produto e estimular as pessoas para o consumo de produtos que ajudam a proteger essa espécie tão importante para o nosso ecossistema e que está ameaçada de extinção.
De acordo com o biólogo, apicultor e coordenado do projeto, Marcos José Wolf, atualmente já são cerca de 100 certificações emitidas no MS e com a divulgação e a repercussão positiva do projeto, muitos apicultores de outras regiões, onde há o registro da presença do animal, estão interessados em conhecer e adotar medidas de mitigação.
“Todo o material do projeto, como o Guia de Práticas para Manejo e o Guia de Convivência entre Apicultores e o Tatu-canastra, estão disponíveis gratuitamente para qualquer pessoa, mas para os que possuem mais interesse, temos uma equipe pronta para oferecer suporte e foi assim que tivemos o primeiro apiário certificado na Amazônia e isso é algo que nos deixa muito feliz, pois demonstra que as pessoas estão interessadas em produzir em harmonia com a natureza e na conservação do tatu-canastra”, finalizou Marcos.
O registro de ataques de tatu-canastra em colmeias não é relatado em todos os biomas em que ele ocorre no Brasil, mas isso não impede que os apicultores utilizem as medidas de mitigação para prevenir possíveis ataques.
Segundo a apicultora, Rosemir ferreira de Souza, primeira a receber o selo do projeto na Amazônia, há muitos registros de tatu-canastra na região onde estão os seus apiários, mas que felizmente, nunca houve um ataque às colmeias, pois o apiário sempre foi cercado por tela.
“Nós sempre deixamos o apiário cercado para evitar a entrada de qualquer animal, mas quando soubemos dessa iniciativa e o interesse do tatu-canastra por larvas de abelhas, meu esposo deixou uma colmeia fora do cercado. Essa foi uma das maneiras que encontramos de oferecer o alimento de forma fácil para o animal e de prevenir para que ele não tente entrar na parte que estão as demais colmeias e evitar um prejuízo maior”, explicou a apicultora.
Os interessados em falar com o projeto e saber mais sobre as medidas de mitigação, podem entrar em contato através do WhatsApp (67) 99671-7454.