O estudo investigou os hábitos alimentares dos tatus-canastra, revelando informações essenciais sobre sua dieta, sua posição na cadeia alimentar e seu papel no equilíbrio do ecossistema.
A biodiversidade do Pantanal brasileiro é vasta e rica em espécies endêmicas e outras ameaçadas de extinção, como o tatu-canastra (Priodontes maximus), um dos animais mais emblemáticos na maior área úmida do planeta. Um estudo recente, com participação de pesquisadores do ICAS – Instituto de Conservação de Animais Silvestres, explorou os hábitos alimentares desses animais, revelando informações cruciais sobre sua dieta, sua posição dentro da cadeia alimentar e seu papel no equilíbrio do ecossistema.
O estudo, publicado na prestigiada revista científica Mammal Research, foi conduzido pelo Programa de Conservação do Tatu-canastra na sub-região pantaneira da Nhecolândia, mais especificamente na Fazenda Baía das Pedras. Ao longo de mais de uma década, os pesquisadores coletaram e analisaram 113 amostras fecais de 29 tatus-canastra monitorados pelo programa. A equipe, liderada pela Dra. Nina Attias, coordenadora científica do ICAS e uma das autoras do artigo, tinha como objetivo compreender a dieta desses animais e determinar se são verdadeiros mirmecófagos, ou seja, se são especializados em se alimentar de cupins e formigas.
Os resultados da pesquisa revelaram que estes gigantes têm cupins e formigas como a base de sua dieta, mas também se alimentam de uma variedade surpreendente de invertebrados e plantas. Apesar dos cupins serem o item mais comum em sua dieta, os pesquisadores também encontraram formigas, fragmentos de plantas, outros invertebrados e até mesmo frutas nas fezes do tatu-canastra, evidenciando uma dieta mais diversificada do que se pensava anteriormente.
“Ao longo do estudo, pudemos observar que os tatus-canastra adotam um comportamento oportunista em relação à alimentação. Embora os cupins sejam sua principal fonte de alimento, eles também consomem formigas e até mesmo pequenos animais, como sapos”, explicou a Dra. Attias.
Além disso, os tatus-canastra também se alimentam de frutas, sugerindo um papel importante na dispersão de sementes no ambiente. Este é um fato que tem efeitos positivos significativos para a regeneração e manutenção da vegetação nativa do Pantanal.
Um outro aspecto importante deste estudo foi a descoberta do papel desses animais no controle de pragas agrícolas. As formigas mais consumidas pelos tatus-canastra são também conhecidas por serem pragas de culturas, destacando a importância desses animais para a agricultura local.
“Ao consumir essas formigas, os tatus-canastra desempenham um papel crucial no controle biológico de pragas, reduzindo potencialmente a necessidade de pesticidas prejudiciais ao meio ambiente”, ressaltou a Dra. Attias.
Para a Dra. Attias, os resultados do estudo trazem informações cruciais para a conservação do tatu-canastra e do ecossistema pantaneiro como um todo. Compreender os hábitos alimentares desses animais não só permite a tomada de decisões mais assertivas, mas também possibilita a implementação de medidas mais eficazes para garantir sua preservação.
“Ao destacar os diversos serviços ecossistêmicos prestados pelos tatus-canastra, demonstramos como sua conservação beneficia não apenas a biodiversidade, mas também a sociedade como um todo, causando um efeito positivo para o meio ambiente e até mesmo para a economia dos proprietários de fazendas. De acordo com a Embrapa Pantanal, mais de 90% da área do Pantanal pertence à iniciativa privada”, concluiu a pesquisadora.
Assim, o estudo dos hábitos alimentares do tatu-canastra não apenas lança luz sobre a ecologia dessa espécie fascinante, mas também destaca sua importância vital para o funcionamento saudável do ecossistema do Pantanal brasileiro. Se você quiser ler o estudo na íntegra, envie um e-mail para contato@icasconservation.org.br ou acesse https://doi.org/10.1007/s13364-024-00748-z
Assim, o estudo dos hábitos alimentares do tatu-canastra não apenas lança luz sobre a ecologia dessa espécie fascinante, mas também destaca sua importância vital para o funcionamento saudável do ecossistema do Pantanal brasileiro. Se você quiser ler o estudo na íntegra, envie um e-mail para contato@icasconservation.org.br ou acesse https://doi.org/10.1007/s13364-024-00748-z